Linfomas não Hodgkin
O que são?
Os linfomas não Hodgkin (LNH) são doenças tumorais do tecido linfático e são o tipo de linfomas mais frequente. A maioria (80%) é devida a uma transformação maligna dos linfócitos B; cerca de 20% tem origem nos linfócitos T. Os linfocitos B têm origem na medula, passam para o sangue e localizam-se depois em diferentes zonas dos gânglios linfáticos, onde vão adquirir características particulares, nomeadamente o aparecimento de determinadas proteínas à sua superfície - antigénios -, designados por CD, que permitem a sua identificação; uma das caracteristicas dos linfocitos B é serem CD20 positivos.
Os linfocitos T amadurecem no timo e circulam depois no sangue, localizando-se também em alguns orgãos; caracterizam-se por serem CD3+.
A transformação tumoral vai levar a um crescimento não controlado dos linfocitos e/ou à diminuição da morte celular; como consequência há acumulação dessas células com aumento dos gânglios, podendo frequentemente existir infiltração da medula óssea e de outros orgãos.
Há vários tipos de linfoma não Hodgkin?
Existem dezenas de tipos de LNH que estão relacionados com a zona do gânglio onde ocorre a transformação maligna do linfocito. Ao longo dos anos têm surgido diferentes classificações, que são cada vez mais extensas e complexas, mas do ponto de vista clínico podemos dividir os linfomas em dois grandes grupos: baixo grau e alto grau de malignidade.
Baixo grau de malignidade, ou indolentes - têm um crescimento lento e em alguns casos pode não ser necessário iniciar de imediato o tratmento; respondem bem à terapêutica, mas há frequentemente recaídas. Os mais frequentes são:
- Linfoma folicular
- Linfoma difuso de pequenas células
- Linfoma da zona marginal - Linfoma MALT
- Linfoma do manto - alguns sub-tipos
- Macroglobulinémia de Waldenstrom
- Linfomas cutãneos
Alto grau de malignidade, ou agressivos - o crescimento é rápido, por vezes colocando em risco a vida e necessitam de tratamento urgente; a resposta ao tratamento é geralmente boa. Os mais frequentes são:
- Linfoma difuso de grandes células
- Linfoma anaplásico
- Linfoma do manto
- Linfoma de Burkitt
- Linfoma T periférico
- Linfoma do sistema nervoso central
- Linfoma associado ao VIH
Qual é o tratamento?
O tratamento dos linfomas pode incluir diversos tipos de medicamentos - quimioterapia e outros fármacos - e radioterapia. A opção terapêutica mais adequada será discutida pelo médico e pelo doente, de acordo com o tipo de linfoma e a sua situação clínica.
Alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento dos linfomas não Hodgkin.
Quais são as complicações do tratamento?
Os efeitos secundários podem ser controlados e são na sua maioria, reversíveis. Deve sempre relatar esses sintomas à equipe que o trata, para que actuem rápidamente e se evitem situações mais graves.
Sintomas habituais resultantes do tratamento:
É habitual a sensação de cansaço e falta de apetite.
A quimioterapia vai agravar a anemia pelo que podem ser necessárias transfusões de sangue.
Com o tratamento diminuem ainda mais os globulos brancos e portanto é maior o risco de infecções, que nos linfomas é já importante. As infecções, particularmente as pneumonias, são a causa de morte mais frequente nestas doenças. Deve recorrer ao seu médico se surgirem febre ou outros sintomas, como arrepios, tremores, tosse, expectoração, falta de ar, queixas urinárias ou diarreia, e deve evitar contacto com pessoas com gripe ou outras doenças contagiosas. Uma das infecções frequentes é a "zona" provocada pelo vírus herpes-zoster, que se manifesta por dor ou sensação de queimadura numa zona da pele, com aparecimento de pequenas vesículas e que requer tratamento imediato.
Podem surgir pequenas hemorragias na pele, ou nódoas negras, assim como hemorragias do nariz ou gengivas pela diminuição das plaquetas (trombocitopénia). Se o valor for muito baixo pode ter de levar transfusões de plaquetas.
A quimioterapia provoca muitas vezes enjoo e vómitos, mas actualmente existem medicamentos muito eficazes para combater estes sintomas.
A queda de cabelo é reversível e muitas vezes o cabelo nasce mais forte. A pele fica mais sensível e deve evitar exposição ao sol. É importante manter a pele hidratada e tratar as infecções da pele ou das unhas.
Podem surgir aftas ou lesão da mucosa da boca – mucosite.
A diarreia ou prisão de ventre são frequentes.
Os corticoides aumentam o risco de infecções e levam a um maior apetite com aumento de peso e o aparecimento de “ cara de lua cheia”; este efeito é, regra geral, completamente reversível. Aumentam também a glicémia, a retenção de liquidos e a tensão arterial. Por vezes causam irritabilidade e insónias e pode necessitar de medicação para controlar estas situações.
Esta é uma doença mais frequente nos mais idosos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Neste caso devem ser tomadas medidas anticoncepcionais, pois o risco de malformações no feto, provocadas pelo tratamento, é muito elevado. Estas medidas aplicam-se não só às doentes do sexo feminino, como também aos doentes do sexo masculino que tenham uma companheira em idade fértil.
Alguns citostáticos têm efeitos secundários particulares:
- Ciclofosfamida - alteração da cor da pele, cistite hemorrágica
- Doxorrubicina – alterações cardíacas
- Vincristina – neuropatia periférica. Diminuição do sódio no sangue (hiponatrémia)
- Bleomicina - fibrose pulmonar
Posso fazer a minha vida normal?
É muito importante que mantenha uma vida activa, com alimentação saudável, hidratação adequada e aconselha-se vivamente que deixe de fumar!
Deve ter especial atenção à prevenção e tratamento precoce das infecções, que são a principal causa de hospitalização e podem ser muito graves, pondo em risco a sua vida. Evite ambientes frios e húmidos, assim como demasiado aquecidos, locais com muita gente e contacto com pessoas infectadas.
Fale com o seu médico sobre a possibilidade de ter um antibiótico em casa, para a eventualidade de surgir febre, tosse, ou outros sintomas, e como poderá contactar rápidamente a equipe que o trata se for necessário.
Deve abordar a possibilidade de fazer algumas vacinas, como a da gripe e a vacina antipneumocócica. Outra medida que pode ser aconselhável é a de ginástica respiratória, particularmente se foi fumador ou se já teve infecções respiratórias de repetição.
Nalguns casos em que a produção de anticorpos está muito diminuida, pode estar indicada a administração endovenosa de imunoglobulinas, para evitar a possibilidade de infecções.
Não deve esquecer o risco de outras neoplasias, fazendo o rastreio indicado para os tumores do tubo digestivo, pele e do foro ginecológico.
O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar. Pode encontrar algumas indicações úteis em “ Viver Melhor”.