Leucemia linfática crónica
O que é?
A leucemia linfática crónica (LLC) é uma doença maligna do sangue em que as células tumorais são os linfócitos, que têm origem na medula óssea; na grande maioria dos casos envolve os linfócitos B. A LLC faz parte de um grupo de doenças com características semelhantes, designadas por “ Síndromes linfoproliferativas B". Nestas doenças existe um grande aumento dos linfocitos, no sangue, medula óssea, gãnglios e sistema linfático. Os linfocitos têm geralmente o aspecto de células normais, mas o seu funcionamento é anormal; a produção de anticorpos (imunoglobulinas) está muito diminuida o que pode levar ao aparecimento de infecções frequentes, por vezes muito graves.
Qual é a causa?
Na LLC há alteração dos genes que controlam a divisão, maturação e a morte dos linfocitos, resultando num elevado número dessas células. Não se sabe qual a causa que leva a essa alteração dos genes. Em alguns casos está associada a uma exposição a elevadas doses de radiação, como aconteceu em alguns acidentes nucleares.
É uma doença hereditária? É contagiosa?
Não é uma doença hereditária, mas em algumas famílias encontram-se várias pessoas com LLC ou com outras doenças do mesmo tipo. Não é uma doença contagiosa.
É uma doença frequente?
É o tipo de leucemia mais frequente no Ocidente, com cerca de 3-10 novos casos /100.000 habitantes; no Oriente a incidência é menor. A LLC corresponde a cerca de 30% de todas as leucemias, a incidência é maior a partir dos 60 anos e é ligeiramente mais frequente no sexo masculino.
Em Portugal surgem cerca de 550 novos casos em cada ano.
Há vários tipos de leucemia linfática crónica?
A leucemia linfática crónica é uma doença muito heterógenea; habitualmente tem um crescimento muito lento, mas pode apresentar uma evolução mais rápida e mais grave.
Na avaliação inicial é importante determinar os factores de prognóstico para decidir quando iniciar o tratamento e qual a terapêutica mais adequada.
O que são os factores de prognóstico?
São os factores determinantes da evolução da doença: sintomas, idade, situação clínica, alterações dos genes ou das características de imunofenotipagem dos linfócitos.
Quais são os sintomas?
Podem não existir sintomas e ser apenas detectado aumento do número de linfocitos num hemograma de rotina. Os sinais mais frequentes são aumento de gânglios, no pescoço, axilas ou virilhas, que são indolores e não apresentam sinais inflamatórios.
Algumas doenças infecciosas também se manifestam com aumento dos linfocitos e dos gãnglios, mas estes são geralmente dolorosos.
Por vezes pode haver desconforto abdominal por aumento de baço, ou mais raramente do fígado. Em casos mais raros podem surgir o que designamos por sintomas B: febre, perda de apetite, emagrecimento, suores nocturnos. Alguns doentes referem pela primeira vez o aparecimento de determinadas reacções alérgicas.
Outros sintomas que poderão existir são resultantes da infiltração da medula pelas células leucémicas:
- Anemia, por diminuição dos globulos vermelhos – cansaço, palidez, tonturas,dificuldade na concentração, palpitações com o esforço.
- Infecções de repetição por diminuição dos neutrofilos, um tipo de globulos brancos reponsáveis pela defesa contra infecções bacterianas, bem como pela diminuição na produção de anticorpos.
- Hemorragias fáceis, como o sangramento das gengivas, nódoas negras, pequenas hemorragias na pele – petéquias – por diminuição das plaquetas.
Como se diagnostica?
Perante os sintomas sugestivos o seu médico pode pedir um exame de sangue – hemograma – e se houver alterações irá referenciá-lo a um hematologista. Este especialista em doenças de sangue irá colher dados da sua história clínica e familiar, proceder ao exame clínico e pedir vários exames.
Nas análises de sangue (hemograma) encontra-se um valor elevado de linfocitos superior a 5.000/mm3; é frequente encontrarem-se restos dos nucleos dos linfocitos, designados por “sombras de Gumprecht”.
Outros exames do sangue são realizados como a imunofenotipagem que determina qual o tipo de linfocitos anormais - B ou T - e outras caracteristicas das células, assim como a avaliação das alterações dos genes por técnica de FISH ( fluorescent in situ hibrydisation)
Em alguns casos pode ser necessário estudar a medula óssea através de mielograma e muito raramente por biópsia óssea. Na figura anexa podemos ver infiltração da medula por numerosos linfocitos e "sombras de Gumprecht"
Que outros exames são necessários?
Para além do hemograma e, eventualmente, do estudo da medula, são necessários outros exames de sangue para se avaliar a função do rim e do fígado, os sinais laboratoriais de actividade da doença, como a LDH e beta2 microglobulina, e do estado da imunidade.
Os exames de imagem - radiografia do tórax e ecografia abdominal e eventualmente TAC - podem ser necessários para determinar os estadios da doença.
É realizada igualmente avaliação cardiológica com electrocardiograma (ECG) e ecocardiograma.
O que são os estadios da doença?
É a avaliação da extensão da doença e é muito importante para se estabelecer o prognóstico, planear o tratamento e avaliar o seu resultado. Os dois sistemas utilizados são os de Rai e o de Binet, sendo este último o mais usado entre nós.
Sistema de Binet:
- Estadio A - menos do que 3 grupos de gânglios aumentados
- Estadio B – mais do que 3 grupos de gânglios aumentados
- Estadio C – aumento dos gânglios ou baço, anemia ou diminuição das plaquetas.
Qual é o tratamento?
Nem todos os doentes precisam de ser tratados na altura do diagnóstico e o tratamento pode não ser necessário durante muito tempo; o tratamento nas fases iniciais não traz qualquer melhoria na evolução da doença.
São indicações para iniciar tratamento a presença de um destes sintomas:
- Sintomas B - febre, emagrecimento, sudorese.
- Gânglios ou baço muito volumosos.
- Anemia e/ou trombocitopenia ( diminuição das plaquetas) por infiltração da medula óssea
- Doença de rápida evolução.
- Infiltração de outros orgãos.
- Manifestações autoimunes da doença sem resposta aos corticoides.
A maioria dos tratamentos são administrados por via oral, não sendo portanto necessário internamento.
O tratamento da LLC tem evoluido muito nos últimos anos e o seu médico irá avaliar consigo qual a melhor estratégia para o seu caso..
Entre as possiveis opções terapêuticas encontram-se os inibidores do receptor da célula B ( BCR) - ibrutinib, idelalisib, um Inibidor do Bcl2– venetoclax, imunomoduladores, como a lenalidomida, quimioterapia, ou um anticorpo monoclonal .
Em alguns casos particulares pode ser igualmente usado um derivado da cortisona, como a prednisona ou metilprednisona.
Como se avalia o resultado do tratamento?
A resposta ao tratamento é avaliada pela melhoria, ou não, dos sintomas, observação do doente e repetição de exames. Diz-se que há remissão completa se houver desaparecimento total dos sintomas e normalização das análises, ou remissão parcial se não houver normalização completa. Se houver agravamento das queixas e das manifestações da doença, diz-se que a doença é refractária.
Quais são as complicações do tratamento?
Os efeitos secundários podem ser controlados e são na sua maioria, reversíveis. Deve sempre relatar esses sintomas à equipe que o trata, para que actuem rápidamente e se evitem situações mais graves.
Sintomas habituais resultantes do tratamento:
É habitual a sensação de cansaço e falta de apetite.
A quimioterapia vai agravar a anemia pelo que podem ser necessárias transfusões de sangue.
Com o tratamento diminuem ainda mais os globulos brancos e portanto é maior o risco de infecções, que na LLC é já importante. As infecções, particularmente as pneumonias, são a causa de morte mais frequente na LLC. Deve recorrer ao seu médico se surgirem febre ou outros sintomas, como arrepios, tremores, tosse, expectoração, falta de ar, queixas urinárias ou diarreia, e deve evitar contacto com pessoas com gripe ou outras doenças contagiosas. Uma das infecções frequentes é a "zona" provocada pelo vírus herpes-zoster, que se manifesta por dor ou sensação de queimadura numa zona da pele, com aparecimento de pequenas vesículas e que requer tratamento imediato.
Podem surgir pequenas hemorragias na pele, ou nódoas negras, assim como hemorragias do nariz ou gengivas pela diminuição das plaquetas (trombocitopénia). Se o valor for muito baixo pode ter de levar transfusões de plaquetas.
A quimioterapia provoca muitas vezes enjoo e vómitos, mas actualmente existem medicamentos muito eficazes para combater estes sintomas.
A queda de cabelo é reversível e muitas vezes o cabelo nasce mais forte. A pele fica mais sensível e deve evitar exposição ao sol. É importante manter a pele hidratada e tratar as infecções da pele ou das unhas.
Podem surgir aftas ou lesão da mucosa da boca – mucosite.
A diarreia ou prisão de ventre são frequentes.
Os corticoides aumentam o risco de infecções e levam a um maior apetite com aumento de peso e o aparecimento de “ cara de lua cheia”; este efeito é, regra geral, completamente reversível. Aumentam também a glicémia, a retenção de liquidos e a tensão arterial. Por vezes causam irritabilidade e insónias e pode necessitar de medicação para controlar estas situações.
A LLC é uma doença dos mais idosos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Neste caso devem ser tomadas medidas anticoncepcionais, pois o risco de malformações no feto,provocadas pelo tratamento, é muito elevado. Estas medidas aplicam-se não só às doentes do sexo feminino, como também aos doentes do sexo masculino que tenham uma companheira em idade fértil.
Como pode evoluir a doença?
A doença pode manter-se estável e sem sintomas durante muito tempo, não necessitando de tratamento.
A remissão após o tratamento pode manter-se durante longo tempo, mas, raramente, dura para sempre; as recaídas são frequentes mas cada vez mais existem novos tratamentos que podem controlar a situação.
Outra das possiveis evoluções, mais rara, é para um linfoma de alto grau de malignidade – síndrome de Richter – que requer um tratamento mais intensivo.
E se houver recaída?
Se tal acontecer 2 ou mais anos após a remissão, geralmente há resposta ao mesmo tratamento inicial. Se a recaída for mais precoce, opta-se habitualmente por outra modalidade terapêutica.
Há novos tratamentos?
As opções terapêuticas são actualmente mais numerosas e eficazes, surgindo cada ano novos medicamentos que apresentam caracteristicas mais favoráveis.
Indicação para o transplante?
O transplante de células estaminais está reservado para os casos mais graves, com recaídas frequentes.
A maioria dos doentes com LLC tem uma idade avançada, o que pode ser uma contra-indicação para o transplante de células estaminais, uma vez que este requer quimioterapia intensiva prévia - condicionamento. No entanto, e também neste campo, tem havido importantes desenvolvimentos, pois se demonstrou que um condicionamento menos agressivo não comprometia o sucesso do transplante, aumentado assim o número de doentes que possam vir a beneficiar deste tratamento.
Posso fazer a minha vida normal?
É muito importante que mantenha uma vida activa, com alimentação saudável, hidratação adequada e aconselha-se vivamente que deixe de fumar!
Deve ter especial atenção à prevenção e tratamento precoce das infecções, que são a principal causa de hospitalização e que podem ser muito graves, pondo em risco a sua vida. Evite ambientes frios e húmidos, assim como demasiado aquecidos, locais com muita gente e contacto com pessoas infectadas.
Fale com o seu médico sobre a possibilidade de ter um antibiótico em casa, para a eventualidade de surgirem sintomas, como febre, tosse, etc, e como contactar rápidamente a equipe que o trata.
Deve abordar a possibilidade de fazer algumas vacinas, como a da gripe e a vacina antipneumocócica. Outra medida que pode ser aconselhável é a de ginástica respiratória, particularmente se foi fumador ou se já teve infecções respiratórias de repetição.
Nalguns casos em que a produção de anticorpos está muito diminuida, pode estar indicada a administração endovenosa de imunoglobulinas, para evitar a possibilidade de infecções.
Não deve esquecer o risco de outras neoplasias, fazendo o rastreio indicado para os tumores do tubo digestivo, pele e do foro ginecológico.
O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar. Pode encontrar algumas indicações úteis em “ Viver Melhor”.
Outras doenças com aumento dos linfocitos
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Existem outros tipos de síndromes linfoproliferativas, B ou T, menos frequentes, que em alguns aspectos se assemelham à LLC B, mas cujo tratamento é geralmente diferente:
- Leucemia prolinfocítica - nesta doença há um maior número de linfocitos imaturos – prolinfocitos – e é uma doença mais agressiva, com pior resposta ao tratamento. Em alguns casos aparece como evolução de LLC, em outros surge de novo.
- Tricoleucemia (hairy cell leukemia) – é caracterizada por os linfocitos terem uns prolongamentos na superfície, semelhante a cabelos, como na figura anexa. Habitualmente o baço está muito aumentado e pode haver fibrose marcada da medula óssea, com anemia e diminuição das plaquetas.
- Leucemia de linfocitos grandes com grãnulos. Neste caso os linfocitos são T ou NK, de crescimento lento mas em alguns casos pode ser uma doença mais agressiva.
- Nos linfomas, a doença existe predominantemente nos orgãos linfáticos, mas por vezes há também invasão do sangue periférico.
Leucémia mieloide crónica
O que é?
A leucémia mieloide crónica (LMC) é uma doença tumoral da medula óssea em que as células estaminais, já mais diferenciadas,os mieloblastos, se multiplicam e amadurecem de forma autónoma. Esta alteração leva ao aparecimento de um elevado número de globulos brancos (leucocitos), particularmemente os neutrofilos, na medula e no sangue periférico.
Nesta doença há aumento do baço, por vezes também do fígado e mais raramente dos gânglios, por infiltração pelos globulos brancos.
Qual é causa?
Cerca de 95% dos doentes têm uma alteração cromossómica adquirida, designada por cromossoma Filadélfia, que leva ao aparecimento da doença. Não se sabe a causa dessa mutação embora exista, em alguns casos, exposição anterior a altas doses de radiação, como pode acontecer no tratamento de outros tumores ou em acidentes nucleares – Chernobyl ou Hiroshima, por exemplo.
Ao longo do tempo podem surgir outras alterações cromossómicas que se acompanham, geralmente , de maior agressividade da doença.
Alguns doentes têm uma outra mutação T3151 que se acompanha de maior resistência ao tratamento
É hereditária? É contagiosa?
Não é hereditária e não há maior incidência familiar desta doença. Não é uma doença contagiosa.
É uma doença frequente?
É uma doença rara. Surgem 1-1,5 novos casos /ano /100.000 habitantes. Em Portugal calcula-se portanto que em cada ano surjam entre 100 – 150 novos casos. Constitui cerca de 15% de todas as leucemias do adulto. É ligeiramente mais frequente nos homens, sendo geralmente diagnosticada aos 50-60 anos, mas pode aparecer em qualquer idade; é muito rara na infância.
Como se manifesta?
Muitas vezes não tem sintomas e pode apenas ser detectada por alterações num hemograma de rotina.
Os sintomas não são específicos desta doença e podem aparecer em diversas outras situações.
Pode manifestar-se por cansaço, suores noturnos, sensação de enfartamento, perda de apetite, aumento do perímetro do abdomen ou dor abdominal, particularmente na zona do baço.
Outros possiveis sintomas são as dores de cabeça, perturbação da visão e dores ósseas. Pode haver anemia, causando palidez e palpitações com o esforço e tonturas. Mais raramente podem surgir hemorragias ou nódoas negras por diminuição das plaquetas.
Os globulos brancos têm um aspecto normal mas o seu funcionamento é ligeiramente deficiente no combate às infecções e na cicatrização.
Como se diagnostica?
Numa análise de sangue pode ser encontrado um aumento dos globulos brancos e o seu médico irá referenciá-lo a um hematologista. Este especialista irá avaliar a sua história clínica e na observação pode encontrar aumento do volume do baço e, menos frequentemente, do fígado.
Serão pedidos vários exames laboratoriais:
- No hemograma existe aumento dos neutrófilos, com aparecimento de todas as formas menos diferenciadas, como na imagem anexa. Pode haver anemia e aumento, ou diminuição, das plaquetas.Há por vezes aumento dos basófilos.
- No exame da medula óssea, obtido por mielograma encontra-se um grande aumento dos precursores dos globulos brancos.
- A biópsia óssea permite uma melhor apreciação da medula.
- O estudo dos cromossomas – cariotipo – mostra na grande maioria dos casos uma alteração nos cromossomas 9 e 22, designada por cromossoma Filadélfia. Esta alteração leva à formação de um novo gene – bcr-abl - responsável pela produção de uma nova proteina, BCR-ABL, que tem uma actividade de uma tirosina-cinase, responsável pela proliferação aumentada de globulos brancos.
Por vezes são necessárias técnicas mais sofisticadas, de biologia molecular, - PCR - para identificar esta alteração citogenética. A quantificação do número dessas alterações genéticas, é importante na avaliação da resposta ao tratamento e nas decisões terapêuticas.
Que outros exames preciso de fazer?
Serão pedidas análises de sangue para estudar a função do rim e do fígado e outros exames mais específicos.
Habitualmente é feita radiografia do torax e ecografia abdominal para avaliar as dimensões do baço e fígado.
É realizada avaliação cardiológica com electrocardiograma (ECG) e ecocardiograma.
Como evolui a doença?
Sem tratamento adequado, a fase crónica pode durar vários anos, mas a esta segue-se uma fase de agudização, chamada fase acelerada, que termina em uma leucemia aguda (fase blástica). A diferença entre as sucessivas fases consiste essencialmente em alterações do hemograma, aparecimento de novas anomalias dos cromossomas e menor resposta ao tratamento.
Actualmente, o tratamento com os novos fármacos permite prolongar a fase crónica por tempo indeterminado e a esperança de vida destes doentes é idêntica à da população em geral.
Qual é o tratamento?
Até há alguns anos o tratamento consistia no uso de hidroxiureia que apenas controlava o número de neutrófilos e os sintomas da doença, e o interferão α, com o qual se obtinham raras remissões completas.
O transplante de medula óssea era o único tratamento curativo, mas era apenas acessivel a alguns doentes com dador compatível.
O tratamento actual é com medicamentos que não são quimioterapia, mas que são muito eficazes e específicos para este tipo de doenças. Esses medicamentos são os inibidores da tirosina-cinase (ITC), administrados sob a forma de comprimidos e a sua escolha depende da situação clínica, idade e da fase da doença.
O primeiro destes medicamentos a ser utilizados foi o imatinib. Outros inibidores da tirosina cinase (ITCs) estão disponíveis actualmente: dasatinib, nilotinib, bosutinib e ponatinib.
O tratamento é eficaz?
A resposta aos ITCs é muito boa, mas tal depende da boa adesão ao tratamento diário e ao conhecimento dos possiveis efeitos secundários.
Ao longo do tempo pode surgir resistência, ou efeitos secundários, que obriguem à mudança de medicação - 2ª linha de tratamento. Continuará a ser observado regularmente pelo seu médico e deve reportar qualquer sintoma que sinta. Será também necessário que faça exames laboratoriais frequentes de forma a serem detectadas possiveis complicações do tratamento, ou que este se tornou menos eficaz.
Os doentes com a mutação T3151 devem ser tratados com o ponatinb, pois neste caso há resistência aos outros ITCs.
Quais são as complicações e a que devo fazer atenção?
Todos os medicamentos podem ter efeitos secundários, mas raramente são graves, desde que detectados a tempo. Deve contactar com o seu médico se sentir qualquer sintoma. Poderá ler sobre os efeitos secundários dos ITCs em Mais informações
Deve informar o seu médico sobre toda a medicação que toma, incluindo vitaminas ou produtos de ervanária e aconselhar-se sobre vacinas e outra medicação.
- Os medicamentos para a LMC podem causar mal-formações no feto, pelo que deve tomar medidas anticoncepcionais, mesmo antes de iniciar o tratamento. O mesmo se aplica aos doentes do sexo masculino, pois pode causar anomalias no feto da sua companheira.
- Não deve amamentar pois estes medicamentos podem-se encontrar no leite materno.
- A fertilidade pode ficar comprometida com o tratamento. Estas questões devem ser discutidas entre o casal e o médico assistente e equacionada a hipotese de preservação de sémen ou de óvulos ou mesmo criopreservação de embrião.
Como se avalia a resposta ao tratamento?
Para além da avaliação clínica é analisado periódicamente o hemograma e o número de células que apresentam a mutação bcr-abl, de forma a se tomar uma melhor decisão terapêutica de acordo com esses resultados.
Durante quanto tempo preciso de fazer o tratamento?
Provavelmente durante toda a vida, tal como acontece com outras doenças crónicas, como a hipertensão e a diabetes. No entanto, vários estudos recentes mostram que, em alguns casos de muito boa resposta ao tratamento, foi possivel suspender a medicação sem que houvesse recaída.
Posso fazer a minha vida normal?
A LMC é uma doença crónica, possivelmente curável com os novos tratamentos e é fundamental que continue com a sua vida habitual, de acordo com os sintomas que possa ter: se tiver anemia não deve esforçar-se demasiado, se as plaquetas estiverem baixas deve evitar quedas e traumatismos.
- É muito importante uma vida activa, com alimentação saudável e aconselha-se vivamente que deixe de fumar!
- O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar.
Pode encontrar indicações úteis em “Viver Melhor”
Leucemia eosinofilica crónica
O que é?
A leucemia eosinofílica crónica é uma doença maligna da medula óssea e pertence ao grupo de Neoplasias mieloproliferativas. Nesta doença há um aumento de um tipo de globulos brancos, os eosinófilos, que se acumulam na medula e passam para o sangue periférico. Os eosinófilos podem também aumentar em muitas situações não malignas, como a asma, alergias, reação a alguns medicamentos, doenças parasitárias e em outras doenças.
Qual é a causa?
É divida a uma alteração de genes que controlam o desenvolvimento e morte deste tipo de células. Na maioria dos casos há uma mutação particular – FIP1L1- PDGFRα.
Não se conhece a causa dessa mutação.
É uma doença hereditária? É contagiosa?
Não é hereditária; a alteração dos genes é adquirida durante a vida do individuo. Não é contagiosa.
É uma doença frequente?
É uma doença muito rara.
Como se manifesta?
Muitos doentes não têm sintomas. Noutros casos podem surgir diversos sintomas não específicos desta doença, como cansaço, diarreia, febre, dores musculares, ou prurido (comichão) generalizada. O baço está muitas vezes aumentado o que provoca desconforto abdominal. Alguns doentes têm maior tendência para tromboses. Os grãnulos dos eosinófilos têm substãncias que podem provocar alterações a nível do coração ou do sistema nervoso central.
Como se diagnostica?
Na análise de sangue, hemograma, encontra-se um valor elevado de eosinófilos (eosinofilia) geralmente superior a 1.500/mm3.
Para o diagnóstico é preciso excluir as outras causas mais frequentes de eosinofilia, como as alergias e doenças parasitárias.
A maioria dos doentes tem alteração de determinados genes, como o FIP1L1- PDGFRα, que se detecta numa análise específica do sangue.
Que outros exames preciso de fazer?
Para além das análises de sangue é habitualmente pedido um electrocardiograma e ecocardiograma, para estudar o coração, assim como uma ecografia abdominal, para avaliar as dimensões do baço.
Como evolui a doença?
Na maioria dos casos é uma doença crónica, sendo a complicação mais frequente o envolvimento cardíaco ou cerebral se não estiver controlada com a medicação.
Mais raramente pode evoluir para leucemia aguda.
Qual é o tratamento?
O tratamento mais eficaz é com um medicamento chamado imatinib, em dose baixa. Este fármaco pertence ao grupo dos inibidores da tirosina-cinase (ITC) e não sendo uma quimioterapia, é específico para algumas neoplasias mieloproliferativas; nesta doença os resultados são excelentes e os efeitos secundários são mínimos.
Outro fármaco que pode ser utilizado para reduzir valores muito elevados de eosinófilos é a hidroxiureia, que é um citostático em cápsulas. Podem ser utilizados corticoides – derivados da cortisona – ou anti-alérgicos para controlar alguns dos sintomas, como o prurido.
Em raros casos mais graves pode estar indicado o transplante de células estaminais.
O tratamento é eficaz?
A resposta ao tratamento é muito boa.
Ao longo do tempo continuará a ser observado regularmente pelo seu médico e deve reportar qualquer sintoma que sinta.
Será também necessário que faça exames laboratoriais frequentes de forma a serem detectadas possiveis complicações do tratamento ou que este se tornou menos eficaz.
Quais são as complicações e a que devo fazer atenção?
Todos os medicamentos podem ter efeitos secundários, mas raramente são graves, desde que detectados a tempo. Deve portanto contactar logo com a equipe que o trata se sentir qualquer sintoma.
- O baço está muitas vezes aumentado o que provoca desconforto abdominal.
- Estes medicamentos podem causar mal-formações no feto, pelo que deve tomar medidas anticoncepcionais, mesmo antes de iniciar o tratamento. O mesmo se aplica aos doentes do sexo masculino, pois podem causar anomalias no feto da sua companheira.
- Não deve amamentar pois estes medicamentos podem-se encontrar no leite materno.
A fertilidade pode ficar comprometida com o tratamento. Estas questões devem ser discutidas entre o casal e o médico assistente e equacionada a hipotese de preservação de sémen ou de óvulos ou mesmo criopreservação de embrião.
Informe o seu médico sobre toda a medicação que toma, incluindo vitaminas ou produtos de ervanária e deve aconselhar-se sobre vacinas e outro tipo de medicação.
Ver efeitos secundários dos ITC
Como se avalia a resposta ao tratamento?
Para além da avaliação dos sintomas e das dimensões do baço são feitas análises regularmente.
Durante quanto tempo preciso de fazer o tratamento?
Provavelmente durante toda a vida, tal como acontece com outras doenças crónicas como a hipertensão e a diabetes. No entanto, vários estudos recentes mostram que em alguns casos, em que a resposta ao tratamento foi muito boa, se poderá suspender a medicação.
Posso fazer a minha vida normal?
É muito importante que mantenha uma vida activa, com alimentação saudável e aconselha-se que deixe de fumar. O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar. Pode encontrar indicações úteis em “ Viver Melhor”.