Viver para além do Mieloma!
Testemunho de doente
28-09-2022
Olá, o meu nome é Ana Filipa, tenho 30 anos, sou do Entroncamento e trabalho como Técnica de Laboratório de Microbiologia. Em meados de 2020, na sequência de queixas no estômago, realizei vários exames e análises, tendo os resultados mostrado gastrite crónica e uma alteração na eletroforese de proteínas que precisava de ser investigada. Após a realização de análises e exames mais específicos (PET e medulograma com biópsia óssea), no IPO de Lisboa, tive o diagnóstico de Mieloma Múltiplo (MM) em Março de 2021. Devido à minha idade e uma vez que ainda não tenho filhos, primeiro fiz a recolha e criopreservação de óvulos com o intuito de preservar a fertilidade. Posto isto, comecei o tratamento propriamente dito. Do primeiro ciclo desenvolvi uma neuropatia periférica grave na perna, pelo que foi necessário alterar o protocolo . Realizei o transplante autólogo de células estaminais em Março deste ano e neste momento estou a fazer o tratamento de manutenção. Para mim as principais dificuldades da doença tem sido lidar com os pensamentos intrusivos que surgem pelo facto de o MM ser um cancro raro e incurável, superar os procedimentos e os diversos efeitos secundários da medicação e consequentemente aprender a viver com algumas limitações. Ter uma rede de apoio enquanto doente oncológico é muito importante, a minha é composta por vários pilares: o meu marido, a minha família, a Cookie e o Flash, os meus amigos, o grupo de apoio de MM promovido pela APCL e todos os profissionais de saúde que me acompanham. São todos eles que de diferentes formas contribuem para o meu bem-estar e ajudam-me a enfrentar todos os desafios que surgem ao longo do caminho. Uma das coisas que tenho vindo a aprender sobre mim é que sou muito mais forte do que alguma vez imaginei, mesmo depois de todas as adversidades pelas quais já passei (e acreditem que foram muitas!), tenho ainda muita força e motivação para continuar a lutar. A doença não me define e eu estou muito grata pela vida que tenho. Outra coisa que aprendi, é que este tipo de diagnóstico não é uma sentença, mas sim a oportunidade de um novo início, onde prevalece o amor! Aprendi o verdadeiro significado da palavra resiliência, a dar prioridade ao que é realmente importante, a estar mais presente, a viver novas e velhas experiências ao máximo sempre que a oportunidade surge, sem adiar para “amanhã”, porque todos os dias são bons para sermos (ainda) mais felizes! Também aprendi que muitas vezes perante um desfio só preciso de abrandar, respirar, refletir e agradecer. Atualmente, adotei como lema de vida: "Ousa ser feliz, até mesmo quando nada é favorável!" e como frase inspiradora: "Life isn't about waiting for the storm to pass...it's about learning how to dance in the rain". #EuropeanMyelomaDay
Nós respondemos.